Biotipo Colérico/ Hepático:
No outono as folhas
caem, os últimos frutos são colhidos, o feno e as sementes vão para o celeiro
garantir as refeições do inverno, muitas ficarão na terra esperando a primavera
para brotar novamente. Nessa fase, a energia vital é descendente e pesada, o
ciclo que mostrou crescimento na primavera e exuberância no verão revela agora
maturidade e se encaminha para o fim, é o momento do crepúsculo, quando o sol
se põe e a vida diurna se recolhe.
O indivíduo hepático
tem baixa energia de terra (baço pâncreas/ estômago enfraquecidos) e madeira em
excesso, o que leva a uma fraca sustentação da coluna e das pernas. A baixa
energia do baço/ pâncreas compromete a tolerância aos medicamentos, bem como os
alimentos gordurosos, proteína de origem animal, álcool, fumo e outras drogas.
A alta energia de fígado e da vesícula biliar libera o Yang do estômago,
havendo o aparecimento de dispepsia (problemas digestivos), gastrites e
esofagites de refluxo.
A alta energia de
madeira do fígado gera a energia de fogo do coração e intestino delgado, sendo
que a alta energia de fogo leva a ansiedade, contratura tensional, palpitações
súbitas, arritmias e sustos, ainda a alta energia do fígado leva o indivíduo a
se irritar facilmente, dando a impressão de uma pessoa nervosa, o que a torna
insatisfeita consigo mesma. Os sintomas são: vista cansada, ressecamento e
sensação de retração nos olhos.
Com a falta de energia
no pulmão, há bloqueios inspiratórios que levam à sensação de sufocamento e
angústia respiratória, pode ocorrer congestão brônquica da laringe, amídalas,
cavidades nasais etc... chegando até a inflamação.
Neste biotipo são
comuns os sintomas próprios da gripe e bronquite crônica.
O excesso de intestino
delgado predispõe a irritação anal, fissuras, hemorroidas, fístulas, evacuações
frequentes (2/ 3 vezes ao dia) quando em estafa ou tensão psíquica. O excesso
de madeira no fígado cria uma pessoa arrogante, corajosa, de personalidade
carismática e excêntrica, com pensamento criativo, espírito nobre e idealista.
São pessoas progressistas, líderes revolucionários, pioneiros, não muito bem
compreendidos pela sociedade convencional. Quando não conseguem atingir os seus
propósitos, ficam momentaneamente revoltados e furiosos com os outros e consigo
mesmo.
Aquele que tem uma ênfase
no elemento madeira, possui uma mente demasiadamente ativa. Se houver pouca
terra e pouco fogo para motivá-la e para por suas ideias em prática, poderá ter
todos os tipos de curiosidade, sem chegar a resultados ou sem se envolver
profundamente em nada. O hepático costuma demonstrar habilidade em coordenar
atividades de diversos tipos de pessoas. Seu sistema nervoso é altamente
ativado e extremamente sensível e um período de repouso ou meditação é
necessário para que o sistema nervoso recarregue e impeça que a mente se
arraste a um estado de exaustão psíquica.
Os indivíduos com
excesso de energia madeira tendem a ser direcionados para o exterior. A redução
da energia de terra pode corresponder em suas características ao tipo de
caráter Fálico-Narcisista da psicanálise, o que indica que essas pessoas têm a
tendência a assumir comportamentos por vezes arrojados e audaciosos, se bem que
imprudentes ou arriscados. Apesar de aparentarem segurança e confiança em si
mesmos, tal traço é de natureza reativa.
O indivíduo portador
desse caráter apresentará, por conta de sua fixação fálica, uma valorização
acentuada do pênis e uma imprecisa delimitação deste com relação ao corpo na
sua totalidade. Há a tendência a autorreferência e a desconfiança nas suas
relações com as pessoas, além de uma procura bastante significativa do amor e
da admiração dos demais. Daí ser bastante comum a conduta impulsiva,
propiciadora de autoafirmação e o interesse em obter sucesso e prestígio. Vem
daí a extrema dificuldade em aceitar críticas e insucessos. Para eles o aforismo
“o fim justifica os meios” parece se ajustar com precisão.
A psiquiatria nos fala
de um tipo de neurose delirante crônica conhecido como paranoia. A paranoia faz
parte do grupo de delírios crônicos e é uma enfermidade mental onde o delírio
se apresenta vigoroso e verossímil. Esses indivíduos têm sua atividade
estabelecida a partir de um exuberante raciocínio tendencioso
indutivo-dedutivo. Trata-se de uma alteração que ocorre por conta de um juízo
desviado, acompanhado, no entanto, de uma lucidez extraordinária.
Dentre os
diferentes caminhos propostos por Freud no sentido de obter a compreensão da
etiologia das doenças mentais e da neurose em particular, ele especifica à
frustração. A frustração decorrente da limitação exterior impede a descarga de
energia pulsional, que por sua vez resultará na elevação da tensão interna do
indivíduo. Freud enumera daí duas possibilidades de reações sadias. Em uma
delas, a tensão seria redirecionada, procurando uma gratificação direta da
libido. Na outra, o indivíduo renuncia à gratificação da pulsão libidinal,
procura sublimar a libido que está bloqueada em sua descarga e estabelecem
objetivos não neuróticos passíveis de satisfação.
Freud entende que a
paranoia é energia erótica, ou melhor, a libido, por conta de uma frustração, é
retirada dos objetos sobre os quais está investida e a seguir redirecionada ao
Ego. Poderá então surgir a megalomania, a hipocondria e posteriormente a
paranoia, ou seja, no pensamento de Freud as formações delirantes são
tentativas de recuperação de um equilíbrio energético, mas são vistas comumente
representando apenas a instalação de um quadro psicótico.
Uma outra
característica frequente observada é a acentuada propensão do hepático em
desenvolver quadros neurastênicos. É aí que iremos observar o chamado
esgotamento físico de origem nervosa que comumente apresenta uma sintomatologia
bastante variada. Podemos encontrar apatia, mau humor, dificuldades de
concentração, dores de cabeça de tipo variável, formigamentos, fotofobia,
aversão a ruídos, zumbidos nos ouvidos, espasmos gástricos e cólicas,
alterações gastrointestinais e hepáticas, aerofagia, hipotensão, lipotimias
(desmaio, síncope), poliúrias e opressão torácica.